Prova de Amor
P
oucas pessoas sabem, mas antigamente os pais não demostravam
muito amor pelos filhos, pois era comum as famílias serem muito numerosas e
de evitarem diferença entre eles, não havia muitas demonstrações de afeto pelos
filhos. Bem, na família da minha mãe não foi diferente, até que um dia ela e seus
irmãos tiveram uma linda experiência que quebrou esse conceito.
Certa vez seu pai estava tocando com uma garrafa, usando-a como se
fosse uma gaita. Ele fazia isso quando as crianças estavam com fome para distraí-
las. Nesse mesmo dia, meu avô prometeu para minha mãe que no seu aniversário
faria uma festa com bolo e tudo o mais que uma comemoração pudesse ter.
Um ano se passou e chegou o dia tão esperado por Cristiane. Mas não
havia nada do que seu pai tinha prometido; pelo contrário, eles estavam passando
fome e dessa vez nem a música mais alegre pode fazê-los esquecer o que sentiam.
Seu pai, olhando pro relógio que meu bisavô tinha lhe dado de
presente antes de morrer, começou a chorar, um choro pesado de quem não está
mais aguentando. Logo em seguida, só ouviram a porta batendo... seu Zé tinha
sumido. Ninguém sabia onde ele havia ido. Meia hora depois, voltou com sacolas
na mão. Muitas sacolas. Pediu para que sua esposa preparasse o macarrão, que é a
comida preferida da minha mãe .
Logo depois disso, todos foram se deitar menos meu avô. Minha mãe,
ao vê-lo indo para o quintal, foi lhe agradecer pelo dia maravilhoso e perguntar
como havia conseguido comprar tão rápido aquelas coisas. Meu avô começou a
chorar. Minha mãe olhou para o pulso dele e o relógio que nunca tirava por nada
não estava mais lá. Então, ele disse uma coisa que foi muito importante para
ela:“eu te amo”. E essa foi a primeira prova de amor que meu avô deu para minha
mãe.
Kamille Soumaili