O tesouro de minha avó
E
u sempre pensei que só as crianças tivessem um tesouro escondido, mas
descobri que minha avó, Maria da Glória, também tem um pequeno tesouro guardado há
sessenta anos em seu quarto.
Em um domingo fui visitá-la e logo após o almoço, fui descansar um pouco em
seu quarto. Quando deitei na cama, percebi que em cima do guarda-roupas havia uma caixinha
bem bonitinha. Assim que a peguei, minha avó entrou assustada, atraída pelo barulho que fiz ao
arrastar uma cadeira para alcançar o objeto que para minha surpresa não abria.
_ Não tem nada dentro dela, disse minha avó, com os olhos marejados. Esta
caixinha era do meu pai, seu bisavô.
_ Nossa, porque você guardou tanto tempo?
_ Seu bisavô tinha muito carinho por ela, guardava seus objetos pessoais como:
barbeador, creme, escova e pasta de dentes, tudo muito organizado.
_ Quantos anos você tinha quando viu esta caixinha, vó?
_ Tinha mais ou menos dez anos. Tudo isto faz muito tempo...
Os olhos da minha avó estavam cheios de lágrimas, perguntei se ela estava triste
e depois de respirar bem fundo, me respondeu:
_ Não, meu querido, estou feliz com sua curiosidade e de poder lhe contar um
pouco da minha infância, esta caixinha me traz boas recordações, de um tempo em que éramos
muito felizes.
Minha avó pegou seu tesouro da minha mão e o colocou em cima do seu criado-
mudo e disse:
_ Era aqui que ele guardava esta caixinha, depois de trancá-la e guardar a
pequena chave junto das outras chaves da casa.
_ Vovó, o que você fará com esta caixinha quando ficar bem velhinha?
Minha avó me abraçou e me disse:
_ Ela será sua, César Augusto.
César Augusto Cardoso Melo