 
          As brincadeiras da infância
        
        
          E
        
        
          m uma tarde chuvosa de domingo, fui à casa de minha avó tomar
        
        
          um café, como de costume. Eu sempre gostei muito de ouvir suas histórias, mas
        
        
          ela nunca contava sobre sua infância. Então, perguntei diretamente o que mais
        
        
          havia lhe marcado, para matar minha curiosidade.
        
        
          Por alguns minutos ela ficou pensando em silêncio e me disse que a
        
        
          sua infância foi muito legal, cheia de aventuras e imaginação. Falou que tinha
        
        
          tanta coisa marcante, mas acabou elegendo “aquela do ratinho”:
        
        
          “Era uma manhã de quarta-feira, meus pais tinham saído para
        
        
          trabalhar. Eu fiquei em casa para cuidar de minha irmã mais nova, Maria da
        
        
          Penha. Estávamos brincando de pega–pega no quintal, quando um rato passou
        
        
          correndo por trás dela. Sua imaginação era fértil e às vezes exagerada e sugeriu
        
        
          que colocássemos fogo no bichinho. Eu não podia negar, pois ela iria chorar e se
        
        
          ela chorasse, os vizinhos iriam ouvir e contar ao meu pai e ele saberia que
        
        
          estávamos bagunçando em casa e nos deixaria de castigo. Então, o jeito foi
        
        
          concordar.
        
        
          Decidimos preparar uma armadilha com queijo para apanhá-lo.
        
        
          Assim, colocamos um alçapão na cozinha e nos escondemos num dos armários
        
        
          para aguardar a captura. Não demorou muito e o plano funcionou. Então,
        
        
          envolvemos o coitadinho num paninho embebido em querosene e tacamos fogo.
        
        
          Antes disso, tapamos uns buracos que havia na cozinha, para evitar que ele
        
        
          entrasse e pusesse fogo na casa inteira.
        
        
          Por fim, o pobrezinho parou de se mexer. Solenemente o colocamos
        
        
          dentro de uma caixinha de madeira com flores e o enterramos no quintal. Eu hoje
        
        
          sinto muita falta daquele tempo”.
        
        
          Certamente, uma história que não dá pra esquecer né, vó?
        
        
          Luanna Pinto Gonçalves