 
          Colar de coração
        
        
          T
        
        
          oda mãe adora dar presente para os filhos e minha bisavó Joana
        
        
          não era diferente. Vivia pensando num jeito de comprar um colar para Edna, pois
        
        
          seu aniversário de onze anos se aproximava e não podia passar em branco. Mas
        
        
          como, se os recursos naquele ano de 1959 mal davam para o necessário?
        
        
          Os dias iam passando e a situação não mudava, e numa tarde fria de
        
        
          inverno, quando voltava do mercado, para apertar mais ainda seu coração,
        
        
          em frente a uma loja que expunha na vitrine um lindo colar de pedras. Olhou para
        
        
          a sacolinha que trazia nas mãos com itens essenciais e lágrimas escorreram de seu
        
        
          rosto.
        
        
          Sem perspectiva, continuou a caminhar de cabeça baixa e assim,
        
        
          olhando para o chão, inesperadamente algo brilhante lhe chamou a atenção.
        
        
          Esfregou os olhos por pensar que estavam embaçados, agachou-se e
        
        
          viu na guia da rua um objeto brilhante como ouro. Apressou-se para pegá-lo, a fim
        
        
          de que a fina enxurrada não o lavasse para longe. Por um momento pensou ser
        
        
          um colar e bonito o bastante para presentear minha avó. E ela estava certa.
        
        
          Pegou o colar e abriu-o entre os dedos para vê-lo melhor e disse pra
        
        
          si mesma:
        
        
          ̶
        
        
          Perfeito! Esse vai ser o seu presente!
        
        
          Quando entregou o colar para minha avó, lágrimas escorreram de
        
        
          seus olhos, só que desta vez de felicidade. Ganhou em troca o abraço mais forte e
        
        
          mais gostoso do mundo.
        
        
          Hoje, minha avó está com 68 anos e guarda esse colar em forma de
        
        
          coração como um verdadeiro tesouro.
        
        
          Brenda Diana Biazin