Projeto Contos de Assombração - Alunos 3° Ano A e 3° Ano B - page 16

Ela aceitou, vestiu o sobretudo e os dois foram andando pelas calçadas.
Caminhavam de mãos dadas, como namorados, falavam pouco, só o
essencial.
Próximo à saída da cidade, a moça disse ao caixeiro-viajante:
– Despedimo-nos aqui.
E explicou por quê:
– Não fica bem você ir comigo até onde moro.
– Está bem, como quiser – ele consentiu.
Começando a despir o sobretudo, ela disse:
– Leve sua capa.
– Não, fique com ela. Está frio.
E completou:
– Depois você me devolve.
Era difícil para Leôncio deixar a moça ir, mas havia a possibilidade do
amanhã e do futuro todo.
Ele propôs, com o coração na mão:
– Amanhã, às oito da noite, em frente à matriz?
Ela assentiu e o beijou.
A garoa fria tinha se transformado em densa neblina, mal se vislumbrava
a luz dos postes de iluminação.
O silêncio reinava soberano. Um cão uivou ao longe.
Leôncio viu Marina desaparecer na bruma da madrugada. Com as mãos
nos bolsos e o corpo retesado pela friagem, o caixeiro retornou ao hotel.
O dia seguinte foi de grande ansiedade, mas finalmente a noite chegou
para Leôncio.
Muito antes da hora marcada lá estava ele em frente à igreja esperando
por Marina. Só quando o relógio da matriz bateu doze badaladas Leôncio aceitou
com tristeza que ela não viria mais. Temeu que alguma coisa grave tivesse
acontecido. Tinha certeza de que ela gostara dele tanto quanto ele gostara dela.
Alguma coisa grave teria acontecido.
Ele ia descobrir.
Era tarde e só restava ir dormir, mas na manhã seguinte, mal se levantou,
já foi perguntando pela moça. Na rua, no largo da matriz, em todo lugar,
interrogava sobre a moça e nada.
1...,6,7,8,9,10,11,12,13,14,15 17,18,19,20,21,22,23,24,25,26,...52
Powered by FlippingBook