Sábado é dia de baile, tanto na roça quanto na cidade.
Numa cidade pequena do interior o baile é sempre um grande
acontecimento. Melhor situação para namorar e para arranjar namorado não
tem.
O sábado é um dia muito propício para o nascimento de grandes amores.
Pois foi num baile de sábado que o moço de fora apaixonou-se por uma donzela
da terra. Foi mais ou menos assim que aconteceu.
Leôncio, sim, era esse o seu nome, conheço bem sua incrível história de
amor.
Leôncio era um caixeiro-viajante da capital e vinha à cidade uma vez por
mês prover de mercadorias as vendas do lugar. Ia e voltava no mesmo dia, mas
houve algum problema com sua condução e daquela vez ele teve que dormir na
cidade.
Cidade pequena, sem muitos atrativos, o que se poderia fazer à noite para
distração?
Era dia de baile na cidade, um sábado especial, e uma orquestra de fora
tinha sido contratada.
O moço do hotel que servia o jantar comentou:
– Seu Leôncio, este baile o senhor não pode perder.
E não podia mesmo, mal sabia ele.
Leôncio mandou passar o terno e foi ao baile.
Gostava de dançar, sabia até dar uns bons passos, mas era tímido,
relutava em tirar as moças.
Passou boa parte do tempo de pé, apreciando, bebericando um vermute
só para ter o que fazer com as mãos.
Por volta de meia-noite sentiu que chegava o sono e pensou em se retirar.
Foi quando viu Marina entrar no salão. Ficou sabendo depois que seu nome era
Marina.
Marina chegou só e, ao entrar, passou junto a Leôncio. Bem perto dele
ela parou e se virou para trás.
– Oh! Deixei cair minha chave no chão.
“ O BAILE DO CAIXEIRO-
VIAJANTE”