Projeto Contos de Assombração - Alunos 3° Ano A e 3° Ano B - page 15

Ela falava consigo mesma, distraída que estava, mas para Leôncio, que
tudo ouviu atentamente, suas palavras funcionaram como uma deixa. Ele se
abaixou rapidamente, pegou a chave do chão e a estendeu à sua dona.
Antes que ela dissesse qualquer coisa ele falou:
– Pode agradecer com uma contradança, senhorita.
– Marina, meu nome é Marina. Sim, vamos dançar.
Dançaram aquela contradança e mais outra e outras mais. Dançaram o
resto da noite, até o baile terminar.
Parecia que os dois eram velhos parceiros de dança, tão leves e tão
graciosos eram seus passos.
Leôncio se sentia completamente enlevado, como se
o encontro com a bela
dançarina f
osse um presente enviado pelo céu. Presente que ele nem merecia,
chegou a pensar.
Agradeceu à providência ter permanecido na cidade. Já nem queria ir
embora no dia seguinte.
Em nenhum momento Marina fez menção de o deixar para encontrar
amigos ou conhecidos no salão.
Ele tinha a sensação de que ela fora ao baile só por ele, de que era com
ele que queria dançar a noite toda.
Não teria namorado noivo, marido?
Muitas paixões chegam enquanto se dança.
Leôncio apaixonou-se por Marina ao dançar com ela.
Então, a orquestra tocou a música de encerramento e o baile acabou, já
era alta madrugada.
Leôncio insistiu em acompanhar a moça até sua casa. Ela aceitou a
companhia, era perto, iriam a pé.
Estava frio lá fora, uma fina garoa molhava as calçadas. Na portaria do
clube Leôncio pegou a capa que tinha deixado ali guardada. Ele tinha uma capa
da qual nunca se separava.
Viaja a muitos lugares diferentes, enfrentando os climas mais
imprevisíveis. A capa era sempre o abrigo garantido.
Leôncio ofereceu a capa à companheira para que se protegesse do mau
tempo.
– Para você não se resfriar, faz frio.
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