 
          A Bola Falante
        
        
          Nas férias, em um dia de sol, os dois filhos do Rei estavam jogando bola em seu
        
        
          palácio. Eles não podiam sair do palácio por motivos de segurança e a distração preferida deles
        
        
          era jogar bola.
        
        
          Um dia, entraram na quadra real para jogar e ouviram um grito de socorro.
        
        
          Assustados e ao mesmo tempo curiosos, ficaram em silêncio para identificar de onde poderia
        
        
          ter vindo tal apelo.
        
        
          Segundos depois ouviram novamente e sem querer acreditar, encontraram uma
        
        
          bola abandonada num canto. Seria possível?
        
        
          — Socorro!
        
        
          Os meninos ouviram e disseram ao mesmo tempo:
        
        
          — Meu Deus! A bola está falando!
        
        
          Apesar do espanto, os meninos começaram a dialogar com ela. E a bola revelou
        
        
          que só lhe restavam doze horas para voltar à forma humana, caso contrário, continuaria assim
        
        
          pelo resto da vida. O único meio de quebrar o feitiço era ser chutada pelo melhor jogador do
        
        
          mundo.
        
        
          Os meninos queriam ajudá-la, mas como, se não podiam sair do palácio e o
        
        
          tempo era curto demais?
        
        
          Resolveram então pedir ajuda ao Conselheiro e foram procurá-lo. Após quase
        
        
          uma hora tentando convencê-lo da existência da bola falante, retornaram à quadra e para
        
        
          surpresa deles, ela não estava mais lá.
        
        
          O Conselheiro disse, com desdém, que até teria a solução, caso a bola existisse,
        
        
          pois na verdade ele achava que os meninos estavam entediados por estarem tanto tempo
        
        
          confinados num mesmo lugar e poderiam estar alucinando.
        
        
          Desesperados, começaram a procurá-la por toda parte, motivados pelo desejo de
        
        
          ajudar a pobrezinha e também para provarem que não estavam inventando história.
        
        
          Ao perceber o empenho dos garotos, a bola quicou para o meio da quadra e
        
        
          gritou por socorro novamente. Encantado, o Conselheiro teve de agir com rapidez, sem tempo
        
        
          para indagações. Agora só faltava levarem a bola até o melhor jogador do mundo.
        
        
          — Bem, disse o Conselheiro, sua sorte é que o melhor jogador do mundo está
        
        
          visitando nosso país e não vai recusar nosso pedido. Ele chegou hoje do Brasil.
        
        
          Assim, atendendo imediatamente ao convite real, Pelé chutou a bola direto pro
        
        
          gol e o feitiço acabou.
        
        
          Leonardo Cruz Rangel Pestana