 
          O Viajante
        
        
          Nicolas era um homem que trabalhava muito, por isso ele tinha olheiras
        
        
          definidas, o que dava a impressão dele estar sempre com sono. O que era verdade, pois dormia
        
        
          muito pouco. Por este motivo, cometia alguns pequenos erros em seu trabalho o que deixava
        
        
          seu chefe irritado.
        
        
          Nicolas trabalhava em uma empresa multinacional que vendia aparelhos médicos
        
        
          para os melhores hospitais do mundo, por isso tinha que viajar muito.
        
        
          Certo dia, seu chefe informou-lhe que sua próxima viagem seria para China, a fim
        
        
          de atender um dos clientes mais importantes. Iria na
        
        
          classe A
        
        
          de um dos melhores aviões do
        
        
          mundo e ficaria hospedado num hotel cinco estrelas. Diante disso, o dedicado funcionário ficou
        
        
          muito animado com a missão, mas ao mesmo tempo, preocupado para que tudo desse certo.
        
        
          Chegou o dia da viagem. Despediu-se da família e foi para o aeroporto, seguro de
        
        
          que estava levando todo o necessário, pois dois dias antes já estava com as malas prontas e os
        
        
          documentos separados. Mas, ao colocar a mão no bolso para pegar o passaporte, entrou em
        
        
          desespero. Não conseguia encontrá-lo. Pensou que só poderia tê-lo deixado cair ao sair de casa.
        
        
          Fez contato e encontraram o documento caído junto ao portão.
        
        
          Um portador foi imediatamente encarregado de levar-lhe o precioso documento,
        
        
          mas devido ao trânsito congestionado, só conseguiu chegar depois de uma hora.
        
        
          Nicolas correu para a fila de embarque, porém, foi informado de que seu avião já
        
        
          partira. A funcionária da companhia aérea informou-lhe que dentro de cinco horas partiria outro
        
        
          avião para a China e que ele estava com sorte, pois lhe conseguira um lugar, embora numa
        
        
          classe inferior. Sem escolha, Nicolas foi remanejado para esse voo, ocupando o único assento
        
        
          disponível.
        
        
          Finalmente, ao chegar na China, Nicolas tomou um táxi. Porém, logo em seguida,
        
        
          quatro garotos cercaram o automóvel. Era um assalto.
        
        
          Sem bagagem, sem dinheiro, sem domínio da língua, procurou a embaixada
        
        
          brasileira.
        
        
          Conseguiu voltar para casa alguns dias depois. Ao retornar, suas olheiras estavam
        
        
          ainda mais profundas, além de cansado, uma enorme onda de azar.
        
        
          Conversou longamente com seu chefe, que entendeu seu cansaço e situação em
        
        
          geral e o liberou para que descansasse um mês a título de férias.
        
        
          Lucas Soares de S. P. Guedes