 
          Menina sonhadora
        
        
          Em um vilarejo pouco distante da cidade, ainda em época de ditadura, onde
        
        
          ninguém podia se expressar e não era permitido nada além dos padrões impostos para a
        
        
          sociedade, estava uma garota de treze anos chamada Alice.
        
        
          Considerava como único privilégio de sua vida o seu poder de sonhar. Sonhava em
        
        
          poder viajar, conhecer novos países, pessoas, idiomas, culturas, costumes diferentes.
        
        
          Em uma noite, a garota sonhadora e persistente tomada por essa quase obsessão,
        
        
          ajoelhou-se e pediu com todas as forças, que se não fosse possível realizar essas viagens na vida
        
        
          real, que ao menos as fizesse em sonho e que este fosse tão vívido quanto possível.
        
        
          Naquela noite, Alice queria poder gritar para o mundo e sair pelas ruas afora com
        
        
          uma mala nas costas e os sapatos nas mãos, porém, era um momento onde suas vontades eram
        
        
          reprimidas e as oportunidades não eram grandes.
        
        
          Algumas noites se passaram e nada de sonho, todas as noites eram monótonas,
        
        
          mas ela não desistia e continuava a pedir. Outras noites vieram, até que em uma, tudo foi
        
        
          diferente. Ela havia chegado da escola muito cansada, comeu qualquer coisa, e dormiu muito
        
        
          cedo, dormiu e nem se lembrou de nada e de ninguém, caiu em sono profundo e finalmente teve
        
        
          uma viagem incrível. Passou por vários países, como se a cada passo que dava, visitava um lugar
        
        
          diferente, em pouco tempo havia atravessado de norte a sul, leste a oeste, conhecido muitas
        
        
          nações, culturas e pessoas.
        
        
          Em um de seus passos, realizou um outro sonho seu, de poder ajudar aos que
        
        
          passavam fome e assim adoeciam. Alice queria ser médica e ajudar os Etíopes que pelas más
        
        
          condições sofriam, salvou muitos da morte e se tomou um dos mais importantes nomes que
        
        
          contribuíram para salvação de vidas.
        
        
          Nem tudo que é bom dura eternamente e o sonho acabou, a garota acordou,
        
        
          realizada e encantadíssima, um pouco frustrada por tudo ter acabado em uma noite, mas havia
        
        
          realizado dois grandes sonhos em apenas um.
        
        
          Isso nos mostra que nunca podemos desistir do que realmente queremos, e que
        
        
          os sonhos nos dão uma oportunidade única de poder realizar em uma noite o que talvez não
        
        
          consigamos realizar numa vida inteira.
        
        
          Heloiza M. D. Flauzino